CONFIANÇA VENCE O PRIMEIRO TURNO. VITÓRIA VEIO NA PRORROGAÇÃO

O primeiro tempo inteiro só teve um dono: o Meia Boca. Desde o momento em que Charles Elliont apitou autorizando o pontapé inicial, parecia que só o time de amarelo estava em campo.



O alerta foi dado nas linhas finais da resenha passada. Como um profeta, sentenciei: "Não percam. Quem gosta de um bom futebol, bem jogado e sem violência, tem de estar presente na sede da ASTRA 21. Garantia de um excelente espetáculo".

E assim foi para delírio e delícia de quem encarou os 15 km entre Natal e Pium no ensolarado e azul anil dia de sábado pela manhã. Azul e amarelo, tons a colorir o dia e a festejar as cores da própria ASTRA 21.

Em campo, as mesmas equipes que fizeram a final do primeiro turno em 2014. Último jogo do uniforme branco "Real Madri" do Confiança, e sepultou a "uruca" que acompanhou o JURIS por quatro temporadas. Naquele jogo uma final em 1x0 que não tem resenha nem maiores registros.

Times em campo: O Confiança com Vinícius; Veríssimo, Laércio e Camilo; Tonho e Márcio; Monteiro e Denílson. O Meia Boca com Patrício "Ceni"; "Curinga", Claude e Weberton; Marcelo "Piu" e Scala; Daniel e Bruno. As escalações são suficientes para apontar a qualidade do espetáculo.

Um jogo atípico. Um jogo com vários momentos únicos. Um jogo em que cada um teve a sua oportunidade de "matar" a partida. Um jogo que ninguém imaginava ter tantas alterações de comportamento. Um jogo que se um gráfico ilustrasse o que foi a partida seria o de um cardíaco com disritmia. Um jogo para homens de coração. Um teste para cardíacos.

O primeiro tempo inteiro só teve um dono: o Meia Boca. Desde o momento em que Charles Elliont apitou autorizando o pontapé inicial, parecia que só o time de amarelo estava em campo. O azul do Confiança era pálido, como foi seu uniforme enterrado um ano antes.

Uma raça sem igual. Bolas divididas. Pulmões multiplicados. Presença em cada canto do campo. Esse era o espelho do Meia Boca, enquanto o Confiança não sabia sair do seu campo ou atacava de forma estéril. Curinga assustou num chute forte que tirou tinta do ângulo direito da trave da piscina. Aos 6" o gol que abriu a contagem improvável do placar ao fim da partida. O mesmo Curinga, premiando aquele que voava em campo naquele momento. E o MB continuou no ataque. Laércio fez falta próxima a área pelo lado direito. Scala bateu rasteira para a área e ninguém chegou a tempo de empurrar para o gol. Bruno protegeu a bola na frente da área e virou para o gol fuzilando Vinícius, que fez bela defesa.  Outra vez Vinícius salva a pátria num chute colocado de Pedro, em lance de rara plasticidade. O goleiro do Confiança também salvou o time numa falta rasteira cobrada por Scala. O time de amarelo amadurecia o seu segundo gol quando aconteceu o que somente o futebol proporciona. Um time acuado que não tinha ainda incomodado a defesa adversária e que somente fazia a bola circular de pé em pé, chegou na área numa triangulação entre Juninho, Veríssimo e Denílson, que bateu de primeira rasteirinho e decretou o empate no ultimo minuto do primeiro tempo.

Iniciado o segundo tempo as coisas se inverteram. O Confiança voltou outro. Patrício "Ceni", que até então quase não pegara na bola, passou a ser exigido e mostrar sua grande fase. Era o Confiança quem atacava e o MB só se defendia. Camilo, que há 15 dias entrou num programa de reeducação alcoólico/gastronômico e já era visível os 175 gramas perdidos, mandou ver de fora da área e o montinho artilheiro traiu Patrício. Gol da virada no início do terceiro quarto. O time de Claude tentou acordar no jogo, mas era o azul agora quem mandava. Tonho roubou a bola na frente de sua área e meteu para Monteiro, que recebeu de costas na intermediária adversária. Percebeu a chegada de dois marcadores. Vira-se em direção ao gol. Stop. Congela a imagem. Indaga-se: O que Monteiro faz sempre quando recebe a bola? Pergunta simples que até um neném responde "discostas", como Seu Boneco da escolinha do professor Raimundo: ele levanta a cabeça e procura Denílson. Este na frente da área. Com a mão direita pediu a bola, enquanto se desloca andando para trás na direção da área. Monteiro bateu de chapa. Rasteira, caprichosa e milimetricamente a bola passa a frente de vários adversários e segue naquela obediência cachorra a procura de Denílson que está se deslocando de costas para o gol. O jogador comum dominaria a bola ou a deixaria passar para ter um ângulo melhor para chutar. Ah! Esses são os comuns. A virtuose em campo é aquele que tira da cartola o lance genial. Que improvisa. Que desequilibra. A bola está chegando aos pés de Denílson. Patrício insinua sair abafando. Como um iluminado, ainda de costas, dá uma "raquetada" sutil com o peito de pé direito deslocando o goleiro que se manteve estático, sem acreditar. Mais um para a galeria dos golaços do ano. Mais uma pintura de lance a ser assinado.

Com os 3x1 no terceiro quarto o Confiança - assim como o Meia Boca no 1º tempo - ainda teve três claras oportunidades para "matar" o jogo. Não fez e Derocy foi lá e beliscou um golzinho aos 15", deixando o MB mais vivo do que nunca.

No último quarto o torcedores já apostavam na consolidação da vitória do Confiança. O MB começava a dar sinais de cansaço. Scala sentia a panturrilha. Pebarovic mexeu no time e botou velocidade com Juninho, Augusto e Damião. Este último teve a chance de liquidar numa arrancada, ficou cara a cara com Patrício que mais uma vez obrou um milagre tirando com o pé. O MB era valente e nos últimos 7" ou 8" passou a jogar o que não tinha jogado o 2º tempo inteiro. "Piu" e Curinga comandaram a ressuscitação. Jogo ainda indefinido, embora a impressão era que o Confiança estava mais inteiro. Mas em partidas finais até os mortos se levantam de suas tumbas. Curinga roubou na intermediária e tocou de lado para Daniel que fazia a partida mais opaca desde a sua estréia. Ele protegeu a bola, conduziu-a mesmo sofrendo a presença de um marcador, direcionou até a quina da área e mandou de biquinho, rasteirinha, indo morrer no fundo da rede do gol do muro. Um 3x3 que provocou explosão positiva até em quem torcia para o Confiança.

O empate encerrava um combate, mas uma batalha chamada prorrogação se iniciaria em seguida com dois tempos de 10 minutos. O desgaste era notório. As duas equipes já quase em ruínas físicas tentavam se manter de pé. A notícia de mais dois tempos de 10 minutos soou como o anúncio da morte chegando com capa e foice.

A vantagem que o Confiança possuía foi neutralizada com 1 minuto de prorrogação. Ambas as equipes ficaram com 5 faltas, o que significava tiro livre direto na próxima admoestação. A batalha campal expunha as primeiras vítimas. Quando Scala colocava gelo na panturrilha tentando voltar, Daniel sentiu a musculatura da perna e foi substituído. Pebarovic fez rápida leitura e sacou Laércio, colocando Damião, recuando Veríssimo. Substituição ousada ou uma visão para o futuro? A velocidade de Damião e o entrosamento com Márcio seriam fundamentais nessa hora. Então, o que era previsível. Sexta falta. Oportunidade para o Confiança. Monteiro ajeita a bola. Expectativa grande. Força ou jeito? Pernas já pesadas. Um monstro em grande fase no gol. Toda a confiança do seu time. Cobrança magistral. Com classe a bola morreu no ângulo esquerdo, sem chances para Patrício. Não demorou 2" a comemoração. Sexta falta. Oportunidade para o Meia Boca. Todos os olhos da ASTRA 21 para Marcelo "Piu". Um gigante em campo. O símbolo de raça do time de amarelo não amarelou. Ele pediu a bola. Expectativa grande. Força ou jeito? Pernas já pesadas. Outro monstro em grande fase no gol. Bola rasteira e gol do MB. Tudo igual outra vez. Um placar de 4x4 em um jogo para pegar no tranco e agüentar o batente, digno de um veículo quatro por quatro.  

E jogos assim são decididos em detalhes. No futebol tem sucesso quem acredita e quem conhece o seu elenco. A bola procurou Denílson na lateral em altura maior do que ele poderia alcançar. Como por instinto, ele deixou-a passar e tentou uma puxeta, uma chilena. A bola foi no seu calcanhar, voltando para o meio do campo, parando no peito de Márcio. Stop again. Márcio e Damião têm entrosamento digno dos grandes meias do futebol. Enquanto Márcio dominava a bola no peito e baixava na grama, Denílson se deslocava para receber na ala esquerda, enquanto Damião fugia por trás da zaga se apresentando de frente para o gol. Márcio lançou Denílson, que de primeira deixou Damião cara a cara com Patrício. Dessa fez não houve milagre. Gol do título.

Um placar de 5x4 é improvável. Que dizer de ocorrer numa decisão?

O Confiança já se garantiu na possível finalíssima de 28 de novembro.  Mais um grande jogo na história da ASTRA 21.  

 

·                    Coluna do Kolluna FC

 

1) Boa presença de público para ver um grande jogo. Participação das esposas e filhos de alguns jogadores e de assíduos que já são figuras carimbadas do nosso campeonato. E a ASTRA 21 vai se mostrando como deve ser: um clube social;

2) Os Piratas e o Bohemia estavam representados por Zé do Carmo e Geneci, respectivamente. Quem também deu o ar da graça por lá foi Abel e Marquinhos, ex-jogadores do Confiança;

3) Momento cômico em meio à seriedade de uma decisão. Pedro Wanderley protegeu a bola como um pivô e foi atropelado por Laércio, que passou por cima como uma Scania sem freio carregado de cimento. Pedro reclamou e Laércio respondeu: "Nem toquei em você!";

4) Camilo largou o personal beer e agora tem um personal trainer. Os 175 gramas que ele já perdeu em 15 dias foram achados pelo goleiro do Bohemia;

5) Genildo Pebarovic, que aniversaria sexta-feira (26), ganhou o presente antecipado. Visionário ou não, o seu instinto colaborou na busca da vitória;

6) De acordo com o § 3º do art. 6º do Regulamento, aquele que atuou por uma equipe no 1º turno poderá se transferir para outra equipe para jogar o 2º turno. Portanto, a "janela de transferências" já está aberta. Porém, lembramos aos representantes que a inscrição deverá ser feita formalmente, encaminhando o pedido para o email (contato@astra21.org.br), informando quem o novo atleta estará substituindo. A liberação para atuar depende do deferimento da organização do campeonato;

7) O 2º turno se inicia em 11.07.2015 (sábado). Para atuar na primeira rodada as novas inscrições/substituições deverão ocorrer até o dia 10.07.2015 (6ª feira);

8) Para a ciência de todos, informamos que o recurso interposto pela OAB contra a exclusão de um dos seus atletas foi apreciado na 3ª feira (16.06), pela Comissão Disciplinar, nos termos do Capítulo VIII, do Regulamento. Havendo quorum suficiente o recurso foi rejeitado por 4 votos contra 2. Uma das equipes não esteve presente, mas justificou sua ausência. A própria OAB não pôde votar por ser parte interessada;

9) A organização do campeonato não participou do julgamento. Deixou todos livres para apreciarem o recurso de forma plena. A organização entende os argumentos da OAB. Todavia, esclarece que a punição imposta ao membro daquela equipe nada mais foi do que o estrito cumprimento do art. 19, § 1º, do Regulamento c/c o art. 26, item b, sub-item b.1. O Regulamento foi divulgado no site da ASTRA 21, sendo dada toda a publicidade necessária, e depois assinado por um representante de cada equipe. Em nenhum momento foi ponderado ou questionado qualquer dos 37 (trinta e sete) artigos existentes, presumindo, portanto, o acatamento de todos eles. Cabe, nesse instante, o integral cumprimento da norma que rege o campeonato. Imbuído do espírito democrático, sabedor que o campeonato é um lazer de todos nós, e que a intenção de todos é colaborar, a organização aceitará sugestões individuais ou coletivas de alterações para possível inclusão na próxima edição.

 

Veja Também:

Artilharia

Cartão

Tabela do 1º Turno

Tabela do 2º Turno

Classificação



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