RODADA DRAMÁTICA E JOGOS DAS SEMIS DECIDIDOS NOS MINUTOS FINAIS

A primeira fase do campeonato mostrou-se como a mais competitiva de todos os tempos. Nada disso seria possível sem o empenho e a participação efetiva de vocês.



O dever inicial é de expressar o meu agradecimento, meu aplauso, minha reverência a cada um dos que compõem as equipes participantes do 16º Campeonato de Mini-futebol da ASTRA 21. A primeira fase do campeonato mostrou-se como a mais competitiva de todos os tempos. Nada disso seria possível sem o empenho e a participação efetiva de vocês. A direção da ASTRA 21 que sempre garantiu o que foi preciso. Enfim.  Valeu, mesmo.

Mais do que narrar cada jogo em palavras para que quem não estava lá se sentir na arquibancada ou em campo, devo contar sobre um detalhe que ontem percebi. Muito mais do que a paixão que nos move por uma bola que nos faz largar tudo num sábado para usufruir de momentos lúdicos de alegria e prazer, do reencontro semanal com amigos, dos excessos de c***lh*s falados e ouvidos, ontem pude constatar a responsabilidade de cada equipe para com o seu time e o zelo pelo evento.

Porque dizer isso? Simples, boleiros. A rodada de sábado (30.05), ficará marcada ad eternum. Quatro jogos onde de um lado tínhamos, em três deles, seis times que brigavam entre si para permanecer vivo e presente nas semi-finais. Do outro um jogo isolado entre dois que estão na parte de baixo da tabela e nenhuma pretensão mais.  Dois jogos pela manhã e outros dois jogos fora do horário habitual, à tarde, o que naturalmente poderia ser um pretexto para uma ausência de quorum, pois outros encantos existiam na tarde daquele sábado a atrair a raça boleira.

O que vimos foi exatamente o contrário. Cada jogo com as equipes completas em campo e com banco. Até mesmo no tosco Real Natal x Piratas, onde nada valia, mas ainda assim a responsabilidade e o amor pelo futebol falou mais alto. Fosse um evento qualquer, talvez não se desse tanta importância. Mas se as equipes lá estiveram não há como não reconhecer que a ASTRA 21 está no caminho certo, seduzindo a alma boleira para firmar aquele espaço como seu palco e do nosso campeonato uma Copa do Mundo particular para cada um.

Do fundo da alma, amigos. Valeu! Obrigado!

Enfim, vamos a cada jogo. De cara, um espetáculo. Num ano em que já narramos partidas maravilhosas ocorridas, OAB x Bohemia superou toda e qualquer expectativa. Um jogo a ficar na história e ser lembrado por cada um que viveu e assistiu. A partida não vale uma narrativa, uma crônica, uma resenha. Merece um livro em cinco capítulos: primeiro quarto, segundo quarto, terceiro quarto, quarto quarto e descontos.

A frase mais dita ao longo desses dezesseis anos é: "é no quarto quarto que as coisas acontecem". Como num filme digno de Oscar e que tem um algo a mais para merecer estar na maior festa da 7ª arte, o enredo deixou para que tudo ocorresse ao fim do último quarto. Nos descontos.

A OAB não dependia somente de si. Precisava ganhar e torcer por outros resultados para lhe garantir a classificação. O Bohemia não podia perder que ficaria fora. Um empate lhe deixava dependente e a vitória garantia vaga entre os quatro semifinalistas. Jogo de cachorro grande. Nervoso no início. Muitos chutes de fora da área, pois as defesas estavam fechadas.  Silvio Lopes (OAB) e Willian (Boh) faziam um duelo à parte em todos os sentidos. Tanto que ganharam cartões amarelos em lances distintos. Charles Elliont, como um tiozão, chamou Gomes e Cleilton, capitães das equipes. Conversou. Pediu calma. Não queria tomar atitudes extremadas.  Primeiro tempo sem gols. Só aos 8" Siro abriu o placar e explodiu a OAB em alegria e esperança. O gol premiou a quem nesse dia foi um guerreiro, só jogou bola, esquecendo de gritar e polemizar com os próprios companheiros. Um gol justo. O Bohemia sentiu. William após receber o amarelo saiu para a entrada de Muniz. Dois estilos diferentes. O jogo do primeiro era mais compatível para a guerra. Neffer apareceu de surpresa na área num chute de Marcelo e quase amplia. Neffer, outra vez, foi à linha de fundo e deu voltando para Siro que chutou "espirrado". A torcida ironizou: "Faltou giz no taco". Marcos Aurélio mandou caprichosamente na trave. Neffer, Siro, Marcos Aurélio e Silvio Aquino envolviam a defesa dos boêmios. O fim do jogo chegava. O Bohemia via sua classificação escapar entre os dedos após uma bela arrancada nas últimas partidas. Acordaram no jogo. Willian retorna. Wilde e Pimenta chutam de fora e encontram uma muralha chamada Cleilton. Até deitado, batido no lance, mas com a agilidade e a sorte que todo goleiro deve ter, evitava o gol do adversário.

Charles Elliont, que nunca, jamais e em tempo algum havia acenado para a mesa a informar que daria descontos, estende a mão direita, recolhe o polegar e levanta o indicador, o médio, o anular e o mindinho. Quatro dedos. Quatro minutos que serão eternos. Escanteio para o Bohemia. A OAB, atenta que foi o jogo inteiro, vacila quando não poderia. Cobrança curta, bola rasteira lançada na área. Encontra Robinson sozinho e ele dá um toquinho. A bola quase sem força ultrapassa a linha do gol e sequer toca na rede. O empate era ruim pros dois. Podiam morrer abraçados. A OAB era lúcida. Esquece os po**a*, c*r*lh*s e fdp geralmente bradados em momentos de agonia e desespero. Correm atrás do que seria um milagre. Até Santo Ivo, padroeiro dos Advogados, calçou chuteiras naquela hora. Os boêmios também tentam o seu gol salvador. Se a OAB tem Santo Ivo, eles tem Santos Dumont. O pai da aviação encarnou no pé esquerdo de Wilde e este, numa cobrança de falta onde meio time da OAB estava na barreira, mandou um supersônico que quebrou a barreira da OAB, do som, e da muralha chamada Cleilton. Apito final de Charles. Fim de jogo. Passa-se a última folha do livro. Classificado, o Bohemia rima com alegria.

O placar do primeiro jogo obrigava a SEA ganhar para garantir classificação. Um empate era incerteza. A derrota e eles ficariam nas mãos do Meia Boca. Confiança entrou tranquilo. Um empate e não só estariam classificados, mas garantiriam, ainda, a vantagem do empate na semi. Poderiam pensar em "jogo de compadres", com um empate sendo o placar final, embora ainda fosse temerário para a SEA. Isso não existe na ASTRA 21. O jogo foi para frente com ambos buscando a vitória. Serjão de avante deu uma trabalheira para Laércio. Higor teve a chance de abrir aos 24". No contraataque, Monteiro, de biquinho de chuteira à lá Romário contra a Suécia em 1994 ou à lá Ronaldo Fenômeno em 2002 contra a Turquia, tirou tinta da trave da piscina. O placar só foi aberto aos 9" do terceiro quarto com Denilson e ampliado aos 12" com Damião. Dois gols bostas. De pelada. Isso mesmo. Nem merece dizer como foi. Helinho marcou no início do quarto quarto. A SEA cresceu. Vinícius, que até então não havia sido tão exigido, mostrou a distância abissal entre o profissional e o juvenil. Porque homens são homens e meninos são meninos.  Helinho exigiu dele em três oportunidades quase à queima roupa. Felipe mandou de fora da área lá onde as corujas dormem. Vinícius e evitou o gol. Gol este que ainda aconteceu, mas do outro lado, com Monteiro fechando o placar. Confiança classificado. SEA a depender do resultado entre TJ x Meia Boca. Drama.

Real Natal x Piratas foi o terceiro jogo abrindo a rodada vespertina. Às quinze horas de um sábado onde o tempo fechava e a chuva começava a chegar, os dois lanternas iluminavam suas honras e serviram de preliminar de luxo para a grande partida que seguia e definiria os dois últimos classificados.  Mas não é justo não falar sobre o terceiro jogo. Um jogo diferente. Solto. Sem compromisso com vitória ou derrota. Placar aberto com um gol sem querer de Maxwell (RN). As defesas ágeis e felinas de Cristiano. Um gol de Luiz (Piratas) o que já é um grande feito. Acreditem em mim. Foi gol do Luiz, sim. Juro pela hóstia consagrada. Gibeon foi jogar e banhou-se de Gelol. Bolha correu, correu, correu e... correu. Mastrocola perdeu o gol mais feito de todos os tempos. E foi só. No fim, os galácticos potiguares venceram os discípulos de Capitão Gancho por 5x2. Agora é tudo alegria e promessa de que no segundo turno eles virão igual.

Último jogo. O drama entra em campo junto com a esperança. Tudo nos pés do Meia Boca. Uma vitória ou um empate e a SEA entrava. Uma vitória do TJ e os colegas do Judiciário Estadual se classificavam, a SEA dançava e levava o Meia Boca para a 4ª colocação, sem direito a vantagem nas semis.

Em cada encruzilhada próxima a sede da ASTRA 21 tinha um despacho. Uma profusão de galinhas pretas, farofa e garrafas de aguardente confundiam o último jogo da rodada de classificação da ASTRA 21 com a final do Campeonato Baiano.

Se no primeiro jogo tivemos Santo Ivo contra Santos Dumont, no último o cão passeava de chuteiras e uniforme do TJ. Marquinhos "Satanás", que voltara a jogar o futebol eficiente que já conhecíamos e andava escondido, precisava ser exorcizado. O Meia Boca chegou desfalcado. Sem Marcelo Piu, Neto Bola, Augusto Curinga e Derocy. Boa parte da criação e o entrosamento do time estavam comprometidos. Os demais atenderam o chamado do "Padre" Claude "Van Helsing" e entram em campo com batinas ungidas e suor bento. Na torcida, Gilson, fiel a Santa Luzia como todo mossoroense, a ela enviava suas preces a fim de que ao menos o empate inicial permanecesse para que a SEA sobrevivesse. Mas lá em Mossoró quem obra milagres é Jararaca, jagunço do clã de Lampião e que foi capturado na tentativa de invasão da cidade em 1927. Enterrado vivo, diz a lenda, virou Santo.

Os caras lutavam em campo uma batalha de titãs. Desigual, porém, era a guerra entre quem estava assistindo e a nuvem de mosquitos que chegou com o cair da tarde. Quem tinha seus buracos que os fechassem, pois os mosquitos eram intrusos e não perguntavam se podiam entrar. Nariz, boca, ouvidos. E só.  Naqueles que possuem a popular "cecê" (quem não for da terra busquem saber o que é cecê no vocabulário potiguar), a nuvem era particular.

Gol só aos 25". Scala cobrou lateral e Bruno, sozinho, cabeceou por trás de Tasso. Anderson defendeu no reflexo e na volta o mesmo Bruno desviou para abrir o placar. O gol saiu após Cipriano ter deixado o campo com uma torção no tornozelo direito. Ele que fazia o cinturão na entrada da área com Tasso, Marcão e Nilvan. O TJ ficou fragilizado. Cipriano, como um infante combatente, volta para o segundo tempo. Primeiros lances. Christian chutou e Cipriano faz contra. As coisas começam a ficar definidas. Scalinha ainda faz o terceiro gol. O Meia Boca relaxa. A SEA comemora a classificação. Restam 20 minutos. Scala falha na saída de bola em frente da área e o "Satanás" faz o seu primeiro gol.

Silêncio sepulcral na ASTRA 21. A frase ecoa outra vez: "é no quarto quarto que as coisas acontecem". Charles apita o início dos 15 minutos finais. Tudo pode acontecer. O TJ é ousado. Vem para os últimos minutos com Anderson (gol), Tasso (zag), Cipriano e Monch (lat), Marcelo "Jobson", Marquinhos, Fernando e Wildson. Um time 98,36% ofensivo. Aos 16" Marquinhos manda no travessão. Síndrome da OAB cai sobre o Meia Boca. Diversos c*r*lh*s voam com a chegada da chuva forte. O time do TJ só ataca e o MB só defende e sai na velocidade com Daniel. Assim como Vinícius no primeiro jogo, Patrício "Ceni" também mostra que a bola de prata da Placar pode ser dele e faz defesas monumentais. Numa delas, em que o TJ pediu pênalti por eventual bola na mão de alguém, Claude se machucou e deixa o campo. Lindolfo, com seus 61 anos de vitalidade, compôs a zaga, com chuva e competência.

Fernando faz o segundo gol do TJ e põe fogo na chuva. A bola não deixa de rondar a área do Meia Boca que torna-se uma Boca Fechada, trava os dentes e espana a bola para aliviar o perigo. O manager Gilson e o povo da SEA já não tem mais unhas. Os colegas do TJ já não tem mais nervos. O Meia Boca já não tem mais pernas. O tic-tac do relógio é musical de tortura para os dois times em campo e para a SEA à espera do apito final de Charles. Antes do sopro, o gol de empate de Marquinhos, mas já não dava mais tempo para nada.

Outra belíssima partida. Quatro jogos. Três deles carregados de emoção. Encerrada a fase preliminar do 1º turno com chave de ouro e os seguinte classificados: Confiança 16 pts, Meia Boca 14 pts, Bohemia 14 pts e SEA 12 pts. Ficaram de fora o TJ com 11 pts, OAB com 8 pts, Real Natal com 4 pts e os Piratas com 0.

As semi-finais serão dia 13.06, com Confiança x SEA às 7:30h e Meia Boca x Bohemia às 8:30h. O Confiança e o Meia Boca jogam com o benefício do empate porque tiveram melhor campanha.

·         Coluna do Kolluna F.C.

1)      A Astra 21 em avançada negociação para firmar convênio com a clínica do renomado psiquiatra e professor universitário Edson Gutemberg. Exclusivo e prioritário para alguns atletas do nosso campeonato;

2)      Gilson voltou ao banco da SEA. E ratificou o seu comando. O time perdeu, mas foi valente e atuante. A SEA tem uma postura. Uma cara. Uma identidade própria. E não vai mudar. Não insistam. O prazer é em jogar;

3)      Nada como uma sombra. O goleiro Baguetti chegou lá na ASTRA para assistir o jogo. Vinícius viu e cresceu, sendo o maior nome do jogo. Jacaré em rio de piranhas nada de costas;

4)      Helinho arrancou da própria intermediária em direção ao gol do Confiança feito boi bravo. A dupla de "vaqueiros" Gil e Augusto acompanharam, mas não interceptaram. Quem batia esteira para quem ninguém sabe. Pebarovic gritou: Ô bando de cabras frouxos". Risos em geral;

5)      Os goleiros são um show à parte em nosso campeonato. Difícil escolher o melhor. Cada time está bem debaixo das balizas;

6)      O TJ perdeu a classificação no empate com o Real Natal. Eu cantei que quem tropeçasse no RN poderia se complicar. Tiro e queda;

7)      Izael (SEA) é chamado carinhosamente de Messi em face de ligeira semelhança física com o craque argentino. Izael recebeu a bola na intermediária adversária, incorporou-se em Messi e o mundo real virou fábula. Acompanhem. Messi driblou dois adversários. Messi ficou de frente para o gol. Messi fixou o olhar no gol e petrificou Vinícius. Aí Izael chutou um peteleco e a carruagem virou abóbora;

8)      A tabela do segundo turno já está disponível no nosso site. Início em 11.07 e finalíssima em 28.11. 

 

Veja como ficou:

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