21
ABR
2013
VITÓRIAS DO REAL NATAL E DO MEIA BOCA DEIXAM A CLASSIFICAÇÃO ABERTA
De inicio cabe explicação pela lacuna existente na semana passada, afinal, o JURIS jogou e, surpreendentemente, não teve resenha.
Amigos boleiros, o dever me chamou. Estive ausente desta ex-Capital Espacial do Brasil em missão profissional e não compareci ao jogo. Como não vi a partida, não pude materializar tal exibição exuberante do meu time em linhas imparciais, pois, como é sabido e testemunhado por vocês, primo pela isenção dos meus comentários, exemplo vivo na última resenha, em 06.04.2013, quando o JURIS venceu a JF numa partida exemplar.
Enfim, vamos aos jogos que fecharam a quarta rodada e apimentaram esse primeiro turno em termos de classificação.
No primeiro jogo os Piratas receberam o Real Natal. Uma partida melodramática, pois ambos estavam nas últimas colocações com zero e um ponto, respectivamente. Este jogo era a última das pretensões, a chance da arrancada para um lugar na decisão.
Os Piratas são os piratas. Um time brioso. Valente. Há de se tirar o chapéu para os comandados de Virgílio. Estão lá para participar, seja qual for o placar no fim do jogo, seja qual for a exibição em campo, por isso que todos respeitam os Piratas e que este ano voltaram e fizeram a questão de incluir no seu escudo a denominação de PIRATAS ORIGINAIS. O nome diz tudo, para quem participa dessa nossa brincadeira há algum tempo e conhece a história do time.
Enfim, tudo começou na correria inicial, enquanto os Piratas tiveram gás, e isso dura os dez primeiros minutos de jogo, sequer chegando ao fim do primeiro dos quatro quartos de jogo. Nestes 10 minutos se viu de tudo, com os “tapa-olho”, cuja bandeira negra com a tradicional caveira tremulava nas arquibancadas, criando situações de perigo ao gol do Real Natal. Em um dos lances mais belos do campeonato até agora, Aldenor Arcanjo, nome de anjo, encarnou Didi “folha seca” e num momento de Gérson na Copa de 70, fez um lançamento de quase 30 metros encontrando Odilon sozinho na área, com açúcar e com afeto, mas aí este Odilon, bem diferente do baixinho do Alecrim e do ABC, transformou-se num Serginho Chulapa e mandou a bola para a piscina do clube. A conclusão não tirou a beleza da jogada de Arcanjo, mas merecia um final feliz.
E a força de ataque dos Piratas morreu aí. A partir desse momento o Real Natal cresceu no jogo e já no fim do primeiro quarto vencia de 2x0. A porteira abriu e os gols foram saindo naturalmente até o décimo, inclusive vários deles de bela feitura, transformando no mais elástico placar até agora e cuja diferença não acontecia desde 2010 quando o finado UJ-5 venceu o time das Terceirizadas por 18x0. Patinha e Henrique, egressos do JURIS, fizeram 4 e 3 gols, e Cezar, Jader e Éber completaram o placar.
Fim de jogo. 10x0 para o Real Natal que está ali, ainda vivo e mostrando que pode surpreender nesses últimos jogos. Aos Piratas nada resta senão permanecer na última colocação e esperar pela próxima partida.
Depois entraram em campo o Meia Boca contra a Justiça Federal. Partida chave também para os dois, pois uma derrota colocaria o perdedor em dificuldades para uma classificação e um empate não interessava a nenhum deles.
Antes de começar o jogo, enquanto rolava a primeira partida, uma situação chamou a atenção de todos os presentes. Durante o aquecimento dos jogadores do Meia Boca observou-se a grande quantidade de baby looks entre esses atletas. Para quem não sabe, baby look é aquela camisa coladinha que se usa entre o corpo e o uniforme de jogo. Os fashionistas chamariam de segunda pele. Já os machos chamam isso de frescura. Mas vamos ao jogo que é o que interessa.
O jogo? Aah! O jogo. Desculpem os meus amigos fashions do Meia Boca, mas o jogo teve um nome só: Luiz Carlos Scala Loureiro Júnior.
Scalinha, como é chamado pelos amigos, conhecidos ou não, e pelos fãs de seu futebol, engrandece o nome do nosso campeonato, afinal, por ter dupla cidadania, foi jogador de seleção envergando a squadra azurra em Mundial de futsal. É forte, é incrivelmente técnico, é disciplinado taticamente, e está em todos os locais do campo. Se deixá-lo sozinho ele comanda no jogo. Esse foi o grande pecado da Justiça Federal.
Scala somente teve marcação no primeiro minuto de jogo, quando trocou abraços com Tutu (JF), um desejando sorte ao outro, este o verdadeiro espírito de nosso campeonato. Depois disso amigos, Scalinha flanou livre em campo, sorrateiro, com dribles curtos, passes de primeira, jogadas inteligentes, saídas de bola precisas em lançamentos que se transformavam o Meia Boca em meio-gol.
Os demais integrantes da equipe eram instrumentos de uma orquestra sinfônica sob a batuta do maestro, só desafinando quando iniciavam aquelas discussões tão típicas da OAB, afinal, no time há ex-integrantes da equipe dos advogados e parece que, mesmo ganhando o jogo, guardam resquícios daquele tempo e, vez por outra, teimam em insistir em discussões acaloradas e desnecessárias. O comandante, porém, impassível, deitava e rolava enquanto os brigões rosnavam.
Uma limpada de bola sutil na intermediária e um chute de bico logo nos minutos iniciais foi o cartão de visitas de Scala, abrindo a contagem. Três minutos depois, numa sobra a frente da área, quando todos esperavam o chute a gol, o craque do jogo, com um toque de fina inteligência tal qual um Falcão do futebol em 1982 ou o Falcão do futsal em 2012, encontrou Bruno sozinho na pequena área para fazer 2x0.
A Justiça Federal permaneceu irreconhecível todo o jogo. Todos que estavam nas arquibancadas creditaram o dia infeliz a ausência do valente dirigente Paulo Marcelino, que enfronhado numa reunião do sindicato teve de se fazer ausente. Ossos do ofício de líder da categoria. Ausência sentida e que teve reflexo enorme. Para a próxima partida da JF, contra a poderosa SEA, já foi iniciada a campanha VOLTA PAULO MARCELINO desde o apito final do jogo.
Como nada dava certo para a JF, no intervalo do jogo Sebastião providenciou até mesmo laranjas cortadas em cruz e ofereceu ao time em bandeja, como que antecipando as comemorações do seu aniversário. Caro Tião, nossos parabéns, mas a “providência” adequada com laranja é aquela cachacinha mineira chamada Providência. Talvez providenciado tal providência o resultado da partida no segundo tempo seria outro.
Volta ao segundo tempo. A JF mostra suas garras e Scala reclama atendimento médico em razão de uma ferroada de abelha na perna. No primeiro ataque da JF Denilson deixa Janúncio na cara do gol e o avante perde incrivelmente. Na saída, a bola é lançada sobre a zaga para ele, Scala, que como um zangão, ferroa o goleiro e fecha o placar.
A JF ainda lançou João Maria em campo, numa atitude desesperada de reverter o placar, mas somente deu tempo de tirar o zero do marcador, sem que fosse suficiente para ao menos tentar um empate.
Um lance curioso do jogo é que a JF fez jurisprudência no gol. No passado recente, George Gentile, antes de machucar-se e desfalcar a equipe, aparecia a cada jogo com uma indumentária digna de ser citado nas colunas de moda dos jornais e revistas de todo o Brasil. A JF, neste sábado, estreou novo goleiro que, a exemplo de Gentile, compareceu com uniforme, digamos, elegante, e que ao término do jogo se encontrava tão limpo como no início, pois os gols foram feitos com tamanha eficiência que não deu tempo nem mesmo de saltar em busca da bola e sujar o terno com a relva da ASTRA 21.
Pois bem. Com os 3x1 o Meia Boca ultrapassou a Justiça Federal e entrou, pela primeira vez, entre os 04 primeiros colocados e possíveis semifinalistas. Faltando três rodadas para o fim da fase preliminar somente temos uma certeza: os Piratas são os únicos que não poderão mais se classificar. A guerra está declarada.
* OBS – O resenheiro vem pedir um favor aos seus poucos ou quase nenhum leitor. Como fica feio fazer um pedido exposto na mídia e que pode constranger o alvo da mensagem - o que, por óbvio, não é nossa intenção -, peço que alguém que tenha mais intimidade com Rubinho (Meia Boca), que pelamordedeus diga que ele está ridículo seguindo aquela moda de usar camisa coladinha ao corpo, e que, se a ideia é mostrar os músculos definidos, a única coisa que ele conseguiu demonstrar foi um calo abdominal, um cinturão protuberante, um pneu adiposo a fazer inveja até mesmo a notável barriguinha de Péricles. Ajudem aí, mas sejam sutis na abordagem. O resenheiro agradece a este ato de fé e solidariedade cristã.